sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Nottingham Forest: A Redenção da Floresta Vermelha.



O Notthingham Forest Football Club foi fundado em 1865, por um grupo de jogadores de shinty.(Tipo de hockey no campo.) como o nome do clube significa "floresta" em inglês, muitos poderiam deduzir que a cor da camisa do clube fosse verde. Na verdade, só não é verde por conta da homenagem ao militar e político Italiano Giuseppe Garibaldi. As camisas vermelhas que Garibaldi usava na época eram extremamente populares na Inglaterra.

A influência Italiana não estava restrita à Europa. Depois da passagem de Garibaldi pelo sul do Brasil, acredita-se que os gaúchos adotaram um estilo característico de se vestirem em homenagem ao Italiano. O Forest foi o primeiro clube a usar vermelho como sua cor oficial.

Nesse período os times usavam bonés, para se identificar e não camisas. O sistema resiste até hoje, mas de forma diferente. Jogadores que são convocados para a seleção inglesa ainda recebem um boné de honra.

O estádio é o City Ground, estádio com capacidade para 30.602 torcedores e também foi palco da Euro 96. O City Ground é o 10º maior estádio de futebol fora da Premier League, atrás do Newcastle United, Middlesbrough, Sheffield United, Leicester City, Leeds United, Southampton, Coventry City, Derby County e Sheffield Wednesday.

Em 20 de junho de 2007, o Forest anunciou planos de se mudar para um novo estádio de 50.000 lugares, ou na área de Clifton ou em um local próximo à atual City Ground na Holme Pierrepont O clube já tem decidido Gamston como seu local preferido para o estádio planejado que faz parte da oferta da FA para sediar a Copa do Mundo de 2018.

O Forest conquistou seu primeiro grande titulo em 1898, quando foi campeão da Copa da Inglaterra batendo o Derby County por 3 a 1 no Cristal Palace. No entanto o time passou grande parte da primeira metade do século XX disputando a segunda divisão, e teve de buscar uma nova autorização após ter falido.

A maior conquista do Forest foi o bi-campeonato Europeu em 1979/1980. Em 1975 chegava a equipe o técnico Brian Clough, que já tinha levado o modesto Derby County às semifinais da Liga dos Campeões. O novo treinador, no entanto, não conseguiu um resultado satisfatório em sua primeira temporada, quando o Forest terminou na modesta oitava posição da Segunda Divisão.

O trabalho de Clough começou a render frutos no ano seguinte, quando seus comandados conseguiram levar o Forest à Elite Nacional. Na temporada 1977/1978 o clube surpreendeu a Inglaterra ao conquistar o titulo da divisão principal, garantindo assim participação na Liga dos Campeões do ano seguinte.

O Nottingham teve pela frente na primeira fase da competição européia o poderoso Liverpool, que era o atual bicampeão do torneio. Mesmo tendo vencido o Campeonato Inglês do ano anterior com uma vantagem de sete pontos sobre os Reds, a equipe de Clough era considerada a zebra do confronto, por causa da larga experiência dos rivais na competição.

Mas o que se viu em campo foi diferente. Fazendo a primeira partida em seu estádio, o City Ground, o Nottingham não se sentiu intimidado em sua estréia internacional e abriu o placar ainda no primeiro tempo, com o atacante Garry Birtles.

O Liverpool voltou para a etapa complementar disposto a empatar a partida, mas a forte defesa do Nottingham não dava espaços e nas duas oportunidades que os Reds tiveram os chutes de Kenny Dalglish pararam nas mãos do goleiro Peter Shilton. No fim, os donos da casa ainda marcaram o segundo, garantindo uma boa vantagem para o jogo de volta.

As duas equipes voltaram a se encontrar em Anfield. O Liverpool não estava disposto a abrir mão do sonho do tricampeonato, e atacou o Nottingham Forest desde os minutos iniciais. No entanto, o sistema defensivo dos visitantes não deu qualquer chance aos Reds, e o empate sem gols garantiu Clough e seus comandados na rodada seguinte.

Depois de eliminar os campeões europeus no confronto doméstico, o Nottingham teria de encarar o AEK de Atenas na segunda fase da competição. As duas equipes já tinham se enfrentado em um amistoso de pré-temporada, que terminou em um empate por 1 a 1. Para a primeira partida, disputada na Grécia, os ingleses abriram mão da retranca adotada em Anfield e conseguiram uma importante vitória por 2 a 1.

O herói da partida foi o veterano Frank Clark, então com 35 anos, que marcou o primeiro do Nottingham de falta e fez o cruzamento para o meia Garry Birtles, contratado naquele mesmo ano por apenas 2 mil libras de uma equipe amadora, confirmar a vitória. Após o triunfo na Grécia, a classificação às quartas-de-final foi garantida com uma goleada por 5 a 1 no City Ground.

O sucesso na Copa dos Campeões era repetido nos campeonatos domésticos. Em dezembro de 1978, o Nottingham Forest alcançou o incrível recorde de 42 jogos sem derrota no Campeonato Inglês, que foi quebrado somente 26 anos depois pelo Arsenal.

O adversário das quartas-de-final seria o Grasshoppers, da Suíça, que na rodada anterior havia eliminado ninguém menos que o Real Madrid.

No primeiro jogo, disputado no City Ground, os suíços abriram o placar com sua principal estrela, o atacante Claudio Sulser, mas o Nottingham conseguiu a virada com Birtles e o meia John Robertson. Na etapa complementar, Shilton salvou uma bola praticamente indefensável de Sulser, e nos minutos finais Archie Gemmill e Larry Lloyd deixaram o placar em 4 a 1, praticamente garantindo a classificação.

Antes de enfrentar o Grasshoppers no jogo de volta da Copa dos Campeões, o Nottingham encarou o Southampton pela final da Copa da Liga Inglesa. Com uma bela atuação de Garry Birtles, que marcou dois gols, Clough e seus comandados levaram mais um troféu para City Ground. De volta à competição européia, um empate em 1 a 1 na Suíça, com gols de Sulser e Martin O'Neill, garantiu a classificação.


O Nottingham encararia o Köln, da Alemanha, na semifinal, e o primeiro jogo seria no City Ground. Logo no começo da partida, os alemães calaram os mais de 40 mil torcedores presentes no estádio ao abrir 2 a 0 no placar. A reação começou com Birtles, que diminuiu de cabeça. Pouco depois, Bowyer empatou e John Robertson virou o placar. Os torcedores já comemoravam o triunfo quando o Köln empatou a partida em
3 a 3 e conseguiu uma bela vantagem para decidir a vaga na decisão em casa.

Até a temporada de 1978/9, nenhum clube tinha conseguido vencer fora de casa em uma semifinal da Copa dos Campeões, e o Köln estava tão confiante na classificação que chegou encomendar ingressos para a decisão e reservou um hotel em Munique, palco da final. No entanto, a eliminação não estava nos planos do Nottingham e, aos 20 min do segundo tempo, Bowyer marcou o gol que garantiu aos ingleses a vitória por 1 a 0 na Alemanha.

Apenas dois anos depois de voltar à elite do futebol inglês, o Nottingham estava na decisão da competição de clubes mais importante do mundo. O adversário seria o Malmö, da Suécia, que havia eliminado Monaco, da França, Dynamo Kiev, da Ucrânia, Wisla Cracóvia, da Polônia, e os austríacos do Austria Viena.

Os ingleses tinham uma arma poderosa para a decisão, no estádio Olímpico de Munique. Meses antes, Clough decidiu usar o dinheiro que o clube ganhou com a conquista do Campeonato Inglês e a classificação para a Copa dos Campeões na contratação do atacante Trevor Francis junto ao Birmingham pelo valor recorde de 1 milhão de libras. No entanto, por causa das regras da Uefa o jogador não pôde estrear até a final. Além disso, os ingleses pareciam estar com a sorte a seu lado, já que seis titulares do Malmö – incluindo os dois zagueiros – estavam machucados e não jogariam.

Como a decisão não reuniu nenhuma das principais equipes da Europa, o estádio não chegou a ter sua lotação esgotada na partida. Com um clima de estranheza vindo da arquibancada por conta dos improváveis finalistas, Nottingham e Malmö entraram em campo, no dia 30 de maio de 1979, para decidir o principal título europeu.
Sem poder contar com mais da metade de sua equipe para a decisão, o Malmö decidiu apenas se defender em Munique, e a partida se transformou em um jogo de ataque contra defesa. O Nottingham conseguiu criar boas chances no primeiro tempo, mas suas esperanças de abrir o placar acabavam sempre nas mãos do goleiro Jan Möller. A sorte dos ingleses mudou aos 45 min, quando Robertson pegou a bola pela esquerda, passou por dois defensores e cruzou para Trevor Francis completar de cabeça.

O Nottingham ainda criou algumas boas chances na etapa complementar, mas como o Malmö não demonstrava qualquer poder de reação, os ingleses tiveram apenas de esperar pelo apito final para escrever seus nomes na história do futebol mundial.

O Forest também conquistou a Supercopa Europeia e duas Copas da Liga Inglesa. Ao lado de Shilton, a equipe possuía o lateral-direito Viv Anderson (o primeiro jogador negro a defender a seleção da Inglaterra), o meia Martin O’Neill, o atacante Trevor Francis e um trio de escoceses: John Robertson, o meia Archie Gemmill e o zagueiro Kenny Burns. No ano seguinte o Clube, conquistou o Bi Europeu em 1979-80, batendo o Hamburger SV 1 a 0

O clube chegou a segunda fase da Taça UEFA em 1983-84, mas foi eliminado pelo Anderlecht em circunstância de um roubo contra o Forest. O Anderlecht converte um pênalti que nunca deveria ter sido marcado. Logo se verificou que na segunda etapa, o clube belga havia subornado o árbitro, mas o árbitro em questão já tinha morrido em um acidente de carro e não foi, portanto, capaz de ser responsabilizado.

O próximo título do Forest foi em 1989, quando ganhou o Luton Town por 3-1 na final da Copa da Liga Inglesa. Durante a maior parte da temporada eles tinham esperança de ganhar três campeonatos na mesma temporada, o que seria a primeira vez para uma equipe inglesa, porém, o Forest foi batido pelo Arsenal e o Liverpool no campeonato nacional, e terminou o campeonato em terceiro lugar, e perdeu para o Liverpool na partida decisiva da semifinal da Copa da Inglaterra, realizada inicialmente em Hillsborough, onde 96 torcedores do Liverpool morreram esmagados em terraços, o jogo foi abandonado após 6 minutos. No jogo de volta, o Forest doi eliminado pelo Liverpool.

Ainda em 1989, o Forest levantou a taça da Full Members Cup, após derrotar o Everton por 4 a 3. Em 1990, mais uma conquista de Clough, novamente o Nottingham Forest leva a Copa da Liga Inglesa, derrotando dessa vez o Oldham Athletic. Em 1991, quando alcançou a final da Copa da Inglaterra e largou na frente no encontro contra o Tottenham, mas acabou perdendo por 2-1 na prorrogação, após um gol contra de Des Walker.

O reinado de 18 anos de Brian Clough terminou em 1993, quando foi rebaixado após 16 anos ilustres com um futebol superior, tendo conquistado um título nacional, duas Taças Européias e quatro Copas da liga.

A partir da saída de Clough o Forest ainda teve alguns lampejos de clube grande como à conquista da segunda divisão inglesa, na temporada 1997-1998. Mas com o colapso da ITV Digital, as coisas se agravaram e o clube quebrou.

Na temporada 2004-2005, o clube se endividou ainda mais e com gestões desastrosas chegou à terceira divisão. Tornando-se o único campeão europeu a cair para a terceira divisão de seu país, terminando em 23º lugar.

Após parar na terceira divisão, o time sofreu na segundona inglesa na temporada passada. Quase caiu de novo. Agora vive novo momento. E pode reaparecer na elite na temporada 2010/2011. Ainda é pouco se compararmos aos tempos de Clough, mas há tempos não se registrava fase tão boa.

O técnico é Billy Davies, ex-Derby County, de onde também saiu o goleador Robert Earnshaw, que é galês na nacionalidade, mas nascido em Zâmbia. E não é só: Clough também dirigiu o Derby, onde foi campeão inglês, antes de conquistar a Europa pelo Forest.

O Forest é o 3º colocado, com 55 pontos. Está atrás do West Bromwich Albion com 59 pontos e do Newcastle que também possui os mesmos 59 pontos. Restando apenas 13 rodadas.

O bom momento do time empolga os fãs, que vêm elevando a média de público nos jogos disputados na Floresta — 23.367 no estádio para 30.602. Se acontecer, a volta à elite do time que deixou a primeira divisão em 1998/1999 enriquecerá a Premiership. Ainda falta muito, o campeonato ainda não chegou à metade, mas a perspectiva é real. E muito positiva.

Vocês Sabiam?

O treinador lendário Brian Clough, foi tema do filme: The Damm United, que mostra sua curta e marcante passagem pelo Leeds. O treinador é interpretado por Michael Sheen, ator galês que viveu o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair em A Rainha e o entrevistador David Frost em Frost/Nixon.

Clique aqui para ver o trailer do filme: http://www.traileraddict.com/trailer/the-damned-united/international-trailer

O Arsenal, os Gunners, originalmente, não eram um time profissional e estavam sediados perto do deposito de armas de Londres (London Armoury) no bairro Woolwich (no sudeste Londrino). Naquela época eram chamados Dial Square Football Club e mais tarde tornaram-se Woolwich Arsenal. Três ex-jogadores do Forest (Fred Beardsley, Bill Parr e Charlie Bates) foram jogar no novo clube porque se mudaram para aquela região com o intuito de lá trabalhar. O Arsenal não tinha dinheiro para as camisas, então os jogadores enviaram uma carta para o Forest pedindo ajuda. Receberam uniformes e uma bola.

A razão pela qual o Arsenal mais tarde adicionou manga branca em seu uniforme não está muito esclarecida. Mas uma teoria é que o Forest concordou em disputar um amistoso contra eles para arrecadar fundos. Como os dois clubes jogavam com uniformes idênticos, os jogadores do Arsenal amarraram lenços brancos na manga da camisa para diferenciá-los dos jogadores do Forest.

Portanto, essa pode ser a explicação da manga branca em seu uniforme A versão mais difundida é a de que Herbert Chapman, técnico dos Gunners entre 1925 e 1934 e criador do sistema tático WM, foi o introdutor das mangas brancas na camisa vermelha do time. No entanto, o episódio citado acima teria ocorrido muito antes da chegada do manager a Highbury.

Diz a lenda que o Forest também ajudou o Liverpool, mas isso não foi documentado e pode não ser verdade. O certo é que os atuais "Reds" jogavam com camisa azul e branca, bem parecida com a do Blackburn Rovers até hoje, mas trocaram pelo vermelho.

Cem anos mais tarde, Forest e Liverpool se tornaram os maiores rivais por um curto período na disputa do campeonato inglês e da Copa dos Campeões.

Se o Forest for promovido em 2010, eles vão encarar times como Arsenal e Liverpool. Quem sabe o Forest volta a competir na Europa novamente?

AUTOR: Roberto Artur, colunista de futebol.

8 comentários:

  1. artigo interessante que me fez tirar uma conclusão: o futebol antigamente parecia ser mais interessante. queria eu uma champions league com forest, malmo, colônia, mônaco nas finais...
    que em 2012 o LEEDS também esteja na premier, junto com o forest.

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  3. Ótimo texto, tá afim de escrever pro meu blog não? parabéns!!!!

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  4. Quero ver esse filme "THe Damn United"...
    Mas o que Totti falou é verdade... Veja os semifinalistas da Uefa, algo bem sortido. De uns 20 anos pra cá, o $$ conta mais, o time não só pode jogar bem, ter que ser bem administrado.
    Além do quê, se não em engano, mais da metade das vagas da Champions são de Itália, INglaterra, Espanha, Alemanha e França, acho, (4,4,4,3,3).
    Era o tempo do futebol-arte, de várzea, jogado no campo sujo e elameado. Camisa se rasgava e o cara continuava com a mesma.

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  5. Muito bem Charlinho, to orgulhoso de vc!

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